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Negociando com bancos - Prepare-se!

  • Foto do escritor: Luis Valini Neto
    Luis Valini Neto
  • há 13 minutos
  • 8 min de leitura
Negociação Bancária

Negociando com bancos - Prepare-se!

Existem momentos na vida de uma empresa em que a conversa sobre crédito deixa de ser uma alternativa e passa a ser inevitável. Aquele instante em que você sabe que algo grande pode acontecer — para o bem ou para o mal — dependendo do jeito como essa negociação for conduzida. E é curioso… porque ninguém nos ensina a passar por isso. A gente aprende vivendo, errando, tomando susto com cláusula escondida e celebrando, de vez em quando, quando uma operação realmente encaixa como uma luva no negócio.

Com o tempo, fui percebendo que negociar crédito não é sobre “conseguir dinheiro”. É sobre traduzir a alma da empresa para alguém que não vive o dia a dia dela, mas que tem nas mãos o poder de dizer sim ou não.

E, para isso, existe uma preparação que faz toda a diferença. Negociando com bancos - Prepare-se!

 

Antes de sentar-se na mesa, prepare-se!

A verdade é que o banco percebe, nos primeiros minutos, quando o empresário sabe o que está pedindo. E percebe quando está perdido também.


Por isso, antes de qualquer conversa, eu faço uma pergunta que parece simples, mas que muda tudo: “Exatamente qual necessidade esse crédito resolve?” Não é exagero dizer que essa pergunta já me salvou de pedir dinheiro errado pelas razões erradas.


Quando você define o porquê — e não apenas o quanto — a negociação ganha outro tom. Capital de giro urgente porque o ciclo financeiro cresceu? Investimento estratégico que abre novas frentes de receita? Alongamento inteligente de passivo para liberar fôlego, operações em dólar pois estamos exportando mais?


Cada finalidade conta uma história diferente. E história mal contada vira ruído na mesa.


Depois vem outra parte — a que poucos gostam, mas que separa amadores de profissionais: conhecer seus números com intimidade.


Intimidade mesmo, daquele jeito que você sente no estômago quando algo está fora do eixo. Ter balanços organizados não é luxo, é sobrevivência. Entender o DRE é como saber decifrar o humor da empresa. O balancete é quase um retrato de como ela acordou hoje.


E aqueles indicadores que muitos tratam como “coisa de banco”? Eu passei a enxergá-los como bússolas internas seguem alguns:

  • A margem EBITDA mostra se a operação está respirando;

  • A Dívida Líquida/EBITDA mostra se ela está crescendo com consciência ou com excesso de ambição;

  • A cobertura de juros indica se os compromissos financeiros cabem na vida real — e não apenas no Excel;

  • O ciclo financeiro… esse revela onde o dinheiro está dormindo enquanto você corre atrás dele;

  • As margens dos produtos, faturamento médio quantidade de clientes, histórico de investimentos, principais clientes, níveis de inadimplência e outros indicadores que demonstram que você entende de sua empresa;

  • Os vários prazos médios da empresa, como recebimento, pagamento e giro de estoque que, demonstram que além de conhecer sua empresa, os domina e demonstra que gere os mesmos no dia-a-dia.


Conhecer as suas tarifas e custos invisíveis antes mesmo da negociação formal.

Tarifas são custos silenciosos. Quando você não questiona, elas viram pequenas sangrias mensais:

  • tarifa de abertura de crédito,

  • tarifa de avaliação de bens,

  • taxas de manutenção,

  • registro cartorial,

  • custos “operacionais” que só aparecem no contrato,

  • e até a forma como o IOF será cobrado.


Perguntar “isso é obrigatório ou política interna?” muda completamente a conversa. O banco percebe que você está preparado — e passa a te respeitar como igual.


E mais: preparar-se para negociar a estrutura da operação — e não apenas a taxa.

A taxa é só a capa do livro. O conteúdo real está em coisas como:

  • amortização price, SAC ou linear;

  • período de carência;

  • indexador mais adequado ao negócio;

  • regras de pré-pagamento;

  • liberação dos recursos;

  • possibilidade de “balloon” no fluxo;

  • Taxas para liquidação antecipada do financiamento;

  • flexibilidade futura na renegociação.


Uma empresa madura negocia estrutura, não rótulo.


Depois de organizar tudo isso, vem uma parte mais subjetiva, mas incrivelmente poderosa: ser capaz de explicar seu negócio em cinco minutos. Sem jargão, sem tese, sem floreio. A essência. Porque, no fim das contas, se você não consegue contar o que faz de forma clara, como esperar que alguém coloque milhões sob sua gestão?


E aí sim, depois de tudo isso, monto o que chamo de meu “dossiê de crédito”. Não para impressionar ninguém, mas para mostrar seriedade. Mostrar que eu respeito a operação. E que espero o mesmo do outro lado da mesa.


Por fim, existe um limite que só nós podemos decidir: o limite de dor. Isso não é número técnico — é instinto, é maturidade. Até onde faz sentido ir? Onde a taxa deixa de ser aceitável? Qual garantia vale a pena colocar? Onde começa o risco desnecessário?


Se você não define isso antes… alguém vai definir por você depois. E aí pode doer bem mais.

 

Escolher o banco — e o gerente — é quase escolher um parceiro de caminhada

Negociar com um único banco é como atravessar um deserto com uma garrafa d’água pela metade. Não faz sentido.


Colocar duas ou três instituições na conversa não é “malícia”, é estratégia. É entender que crédito não é pedido de socorro — é contratação de serviço.


Mas existe algo ainda mais importante do que escolher o banco: escolher quem vai te representar dentro dele.


Alguns gerentes têm brilho no olho quando falam de crédito. Dá para sentir. Eles fazem perguntas inteligentes, querem entender o negócio, visitam sua empresa, enxergam além da planilha. Esses são ouro. Eles veem a empresa não apenas como uma tomadora de crédito e sim como parceira comercial de negócios de longo prazo, sem deixar de ser responsável e profissional pelo lado do Banco. Ele é sincero, busca alternativas se houver entraves na negociação entre banco e empresa, fala com superior, marcar reunião direto com o setor de crédito do banco é transparente.


Outros… só repetem script. Você faz uma pergunta sobre risco e recebe de volta uma propaganda de cartão corporativo, seguro, título de capitalização. E isso não é julgamento — é simplesmente a constatação de que aquela pessoa não é a certa para negociar sua operação.

Sei que estes produtos bancários fazem parte de reciprocidade bancária e de negociação entre as partes, mas devem ser trabalhados no momento certo.


O teste que sempre faço é simples, quase um raio-X emocional: “Se você levar isso ao comitê, onde você acha que pode travar?” Se o gerente sabe do que está falando, ele responde sem medo. Se não sabe… ele desvia.


E resposta vazia nessa hora é um sinal enorme — daqueles que a gente sente mais do que ouve.

 

O dia da reunião: onde tudo que você preparou se transforma em confiança

Entrar numa reunião de crédito no improviso é como dirigir à noite com os faróis apagados. Você até pode chegar… mas o risco é enorme.


Então entro sempre com um roteiro mental — não uma apresentação engessada, mas um fio condutor:

  • Quem somos;

  • Onde atuamos;

  • Por que o crédito faz sentido agora;

  • E qual é o pedido claro, direto, sem malabarismo.

Quando chega a hora dos números, eu não “mostro papéis”. Eu conto a história por trás deles.


A margem que caiu? Eu explico o motivo — e o plano de recuperação. O endividamento que subiu? Mostro como isso está sendo trabalhado. A projeção? Eu não jogo na mesa como se fosse promessa — apresento como cenário consciente.

E faço questão de mostrar dois mundos: o normal e o apertado. Não porque o banco exige — mas porque isso transmite maturidade. Mostra que você não vive no país da fantasia.

E aqui entra outro ponto que transforma a reunião:

levar documentos que quase ninguém leva — mas que impressionam qualquer comitê.

Coisas como:

• mapa de riscos operacionais,

• política de crédito e cobrança,

• curva de inadimplência,

• plano estratégico,

• projeções com cenários,

• análise dos 10 maiores clientes,

• plano de investimentos futuros.

São detalhes que mostram gestão.

E gestão reduz risco.

E risco menor significa crédito aprovado.


E aí vem uma parte que mudou muito o resultado das minhas negociações: falar de relacionamento. Mostrar que estou ali pensando em longo prazo. Planejando próximos passos. Construindo ponte, não pedindo atalho.


Antes de encerrar, faço perguntas que abrem portas e derrubam muros: “Tem algo aqui que você acha que pode travar lá dentro?” ou “Se você fosse o comitê, o que questionaria primeiro?”


Essas respostas valem mais que pontos na taxa — elas evitam semanas de idas e voltas.

 

Quando as propostas chegam: decifrar além dos números

Receber propostas de crédito é quase como abrir presentes no aniversário: você sempre torce para que seja algo bom, mas às vezes vem uma surpresa que não faz sentido nenhum.


A taxa, no começo, é a primeira coisa que a gente olha. É instintivo. Mas aprendi que a taxa é só a casca da maçã.


O verdadeiro sabor está nos detalhes:

  • O indexador, que pode transformar uma operação estável num passeio de montanha-russa;

  • As tarifas, que às vezes somem na letra miúda e voltam como um susto na assinatura;

  • O prazo, que define se a dívida cabe ou sufoca;

  • Posso liquidar minha operação antes do prazo sem penalidades?

  • A amortização, que pode ser amiga ou inimiga do caixa;

  • As garantias, que dizem muito sobre como o banco enxerga o seu risco;

  • E os covenants… ah, os covenants. Esses são como pequenas cláusulas que ninguém nota até o dia em que viram bombas-relógio.

  • Muitas vezes, a forma como as operações são apresentadas escondem a real taxa efetiva do empréstimo para a empresa;


Já vi proposta linda na capa esconder exigências impossíveis dentro. E já vi proposta mais cara ser, na prática, muito mais segura.


Por isso coloco tudo lado a lado, sem sentimentalismo. Comparo, risco, circulo, pinto em cores diferentes. É quase um ritual — e ele evita muitos arrependimentos.

 

A hora da negociação: onde respeito e firmeza caminham juntos

Se existe uma regra silenciosa no mundo do crédito, é esta: a primeira proposta nunca é a proposta final.


Questionar não é falta de educação. É maturidade financeira.

Peço revisão de taxa, discuto tarifas, ajusto garantias. Tudo com serenidade e respeito, mas com firmeza.


E, claro, uso a concorrência. Não como ameaça, mas como realidade. “Tenho outra proposta nestes termos. Se vocês conseguirem se aproximar, concentramos mais operações aqui.”


Isso funciona porque passa segurança — e segurança, na mesa, vale ouro.


Negociar garantias também virou uma arte. Começar sempre pelas ligadas ao fluxo financiado — mais lógicas, menos invasivas. Deixar imóveis estratégicos para uma segunda fase, se necessário. E tento atrelar a liberação de garantias à amortização da dívida — afinal, risco decrescente deveria significar garantia decrescente.

E existe um ponto extra: negociar contrapartidas positivas.

Negociar não é só pedir desconto. É pedir vantagens que fortalecem a empresa:

  • limite maior;

  • flexibilização futura;

  • redução progressiva de garantias;

  • acesso a produtos de tesouraria;

  • melhor prazo para análise;

  • covenants mais inteligentes.

Negociação boa é via de mão dupla.


E nunca assine nada sem registrar acordos informais. Palavra boa é ótimo, mas e-mail registrado é ainda melhor.

 

Depois do contrato: relacionamento é o que sustenta tudo

Depois que o dinheiro entra, muita gente some. Eu faço o contrário.

Mantenho o gerente informado. Resultados, alertas, planos. Isso cria confiança — e confiança é moeda forte em qualquer renovação.

Acompanho indicadores sensíveis como um médico acompanha pressão de paciente delicado: olho a alavancagem, cobertura de juros e cumprimento dos covenants quase como quem mede temperatura.

E nunca deixo renovação para a véspera do vencimento. Crédito negociado na pressa costuma vir caro — e seco.

 

Limites que aprendi a não ultrapassar nem sob pressão

Com o tempo, comecei a adotar alguns princípios que não abro mão. Eles foram sendo aprendidos ao longo da vida, com acertos, erros e muita experiência acumulada.

  • Nunca aceito operação que só funciona se tudo der certo. O mundo real não trabalha assim.

  • Nunca troco uma taxa boa por dinheiro rápido e caro. Essa troca costuma sair cara demais.

  • Nunca assino o que não entendi. Pergunto, volto, questiono, peço exemplo. É impressionante como isso salva empresas.


Em um cenário em que cada decisão de crédito pode definir o futuro da empresa, contar com a Valini Consulting significa ter ao seu lado quem domina cada detalhe do processo — da preparação estratégica à negociação final. Transformamos complexidade em clareza, organizando seus números, fortalecendo sua narrativa empresarial, avaliando riscos, comparando propostas e conduzindo cada etapa com profundidade técnica e visão prática. Assim, sua empresa negocia com segurança, profissionalismo e poder de escolha, garantindo operações mais inteligentes, sustentáveis e alinhadas ao seu momento.


Luís Valini

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