Como Calcular a taxa de desconto
A taxa de desconto é a taxa mínima de retorno esperado para um investimento, levando em consideração o seu perfil de risco. Para estimar o valor presente (VP) dos fluxos de caixa futuros gerados por uma empresa, aplica-se uma taxa de desconto adequada - mais especificamente, o custo de oportunidade do capital, que reflete o risco subjacente à empresa (ou investimento). Como Calcular a taxa de desconto
Como calcular a taxa de desconto?
A taxa de desconto, comumente chamada de "custo de capital", é a taxa mínima de retorno necessária para investir em um projeto ou oportunidade de investimento específico.
Em finanças corporativas, a taxa de desconto representa o retorno esperado de um investimento, como ações ordinárias, considerando o risco dos fluxos de caixa futuros.
De maneira conceitual, a taxa de desconto estima o risco e os retornos possíveis de um investimento - logo, uma taxa mais elevada indica um risco maior, mas também um retorno maior.
Os juros podem ser obtidos ao longo do tempo se o capital for aplicado na data atual. Dessa forma, a taxa de desconto é, muitas vezes, considerada o custo de oportunidade do capital e funciona como uma taxa de referência (hurdle rate) para orientar a tomada de decisões em relação à alocação de capital e à seleção de investimentos válidos.
Ao analisar um investimento, a taxa de retorno que um investidor pode esperar obter depende dos retornos de investimentos comparativos com perfis de risco semelhantes.
Você pode calcular a taxa de desconto usando três passos.
Comece dividindo o fluxo de caixa futuro (VF) pelo valor presente (VP).
Pegue o resultado do passo anterior e eleve-o à potência do recíproco do número de anos (1 ÷ n).
Subtraia um desse valor final para obter a taxa de desconto.
Fórmula da taxa de desconto
A fórmula da taxa de desconto divide o valor futuro (FV) de um fluxo de caixa pelo seu valor atual (PV), elevando o resultado ao recíproco do número de períodos e subtraindo um.
Taxa de Desconto (i) = (Valor Futuro ÷ Valor Presente) ^ (1 ÷ n) – 1
Suponha que sua carteira de investimentos tenha aumentado de R$10.000 para R$25.000 ao longo de oito anos.
Valor Futuro (VF) = R$ 25.000
Valor Presente (VP) = R$ 10.000
Número de Períodos = 8 anos
Se considerarmos essas hipóteses na fórmula, a taxa de desconto será de cerca de 12,14% a.a.
Taxa de desconto (i) = (R$25,000 ÷ R$10,000) ^ (1 ÷ 4) – 1 = 12.14%
O exemplo em questão mostra uma capitalização anual, ou seja, uma vez por ano.
Contudo, se considerarmos a capitalização semestral (2 vezes ao ano), multiplicamos o número de períodos pela frequência de capital.
Considerando os efeitos da capitalização, a taxa de desconto será de 5,89% ao longo de seis meses.
Taxa de Desconto (i) = (R$25.000 ÷ R$10.000) ^ (1 ÷ 16) – 1 = 5,89%
Taxa de Desconto vs. Valor Presente Líquido (VPL): Qual é a Diferença?
O valor presente líquido (VPL) de um fluxo de caixa futuro equivale ao montante do fluxo de caixa descontado para a data presente.
Assim, uma taxa de desconto mais elevada reduz o valor presente (VP) dos fluxos de caixa futuros (e vice-versa)
Quanto mais distante o recebimento do fluxo de caixa estiver, maior será a redução.
Além disso, é importante considerar que um risco aumentado deve coincidir com um potencial de retorno maior.
Taxa de Desconto Mais Alta → Valor Presente Líquido (VPL) mais baixo
Taxa de Desconto Mais Baixa → Valor Presente Líquido (VPL) mais alto
Dessa forma, o retorno esperado é definido como maior para compensar os investidores que assumiram o risco.
Se o retorno esperado for insuficiente, não seria razoável investir, pois há outros investimentos que oferecem uma melhor relação risco/retorno.
Por outro lado, uma taxa de desconto mais baixa eleva a valorização, pois tais fluxos de caixa são mais certos de serem recebidos.
Em outras palavras, fluxos de caixa futuros são mais estáveis e, provavelmente, ocorrerão em um futuro previsível. Dessa forma, empresas líderes de mercado e estáveis, como a Amazon e a Apple, tendem a ter taxas de desconto mais baixas.
Saiba mais → Taxa de desconto por setor (Damodaran)
Porque é que a taxa de desconto é importante?
Em uma análise de Fluxo de Caixa Descontado (FDC), a taxa de desconto é fundamental para determinar o valor intrínseco de um investimento, geralmente de uma empresa. O modelo (FDC) calcula o valor presente (VP) dos fluxos de caixa futuros projetados, que são “descontados” para refletir seu valor atual. Juntando todos os fluxos de caixa futuros descontados, temos o valor intrínseco implícito de um investimento.
Como a taxa de desconto reflete o risco e o retorno exigido, ela é uma das principais variáveis na análise FCD. Um princípio importante é que a taxa de desconto deve estar alinhada à perspectiva dos stakeholders do investimento.
Custo Médio Ponderado de Capital (WACC): Reflete todos os stakeholders (tanto credores quanto acionistas).
Custo do capital próprio Ações Ordinárias (ke): Pertence aos acionistas ordinários.
Custo da Dívida (kd): Representa os credores.
Custo das Ações Preferenciais (kp): Específico para acionistas preferenciais.
WACC vs. Custo do Capital Próprio (Patrimônio Líquido): Principais Diferenças
A média ponderada do custo de capital (WACC) mostra o retorno que todos os provedores de capital—tanto detentores de dívida quanto de capital próprio—esperam em seu investimento. Como o WACC inclui tanto a dívida quanto o capital próprio, ele é usado para descontar o fluxo de caixa livre para a empresa (FCFF), que representa o fluxo de caixa disponível para ambos os tipos de investidores.
O custo do capital próprio é o retorno mínimo esperado somente pelos acionistas. Dessa forma, o fluxo de caixa livre para o patrimônio (FCFE), que pertence especificamente aos acionistas, deve ser descontado usando o custo do capital próprio, pois representa apenas os retornos para os acionistas comuns.
Em um FDC não alavancado, o FCFF da empresa é projetado e descontado usando o WACC. Em contraste, um DCF alavancado estima o FCFE da empresa e usa o custo do capital próprio como taxa de desconto.
Componentes da Taxa de Desconto WACC
O Custo Médio Ponderado de Capital (WACC) representa o custo de oportunidade de investir em ativos com níveis de risco semelhantes.
De acordo com a fórmula, o WACC é calculado multiplicando o peso do capital próprio pelo custo do capital próprio e adicionando-o ao peso da dívida multiplicado pelo custo da dívida afetado pelos impostos.
WACC = [ke × (E ÷ (D + E))] + [kd × (D ÷ (D + E))]
Onde:
E / (D + E) = Participação do Capital Próprio (%)
D / (D + E) = Participação do Capital de Terceiros (%)
ke = Custo do Capital Próprio
kd = Custo de Capital de Terceiros - Impostos
Do Custo de Capital de Terceiros deduzimos o IRPJ e CSLL para acharmos a taxa líquida de impostos
Custo de Capital de Terceiros (kd) = Custo da Dívida × (1 – IRPJ e CSLL%)
Calculando o Custo de Capital próprio com o CAPM
Com base no Modelo de Precificação de Ativos de Capital (CAPM), a rentabilidade esperada de um ativo é determinada por três fatores principais:
Taxa Livre de Risco: Esta é a rentabilidade esperada de um investimento sem risco, como títulos do governo. Ela representa o retorno base esperado sem envolvimento de risco.
Prêmio de Risco de Mercado: Este é o retorno adicional esperado ao investir em um ativo mais arriscado (como ações) em comparação com a taxa livre de risco. O prêmio de risco de mercado reflete o retorno que os investidores exigem para assumir um risco adicional.
Beta do Ativo: O beta mede o quanto o retorno de um ativo varia em relação ao mercado como um todo. Se um ativo tiver um beta maior que 1, ele é mais volátil que o mercado, o que significa que pode oferecer retornos maiores, mas também vem com mais risco. Por outro lado, um beta menor que 1 indica que o ativo é menos volátil que o mercado.
Custo do Capital Próprio (ke) =
Taxa Livre de Risco + Beta × Prêmio de Risco de Mercado
Planilha para cálculo do WACC
Exemplo de Cálculo do Custo do Capital de Terceiros (kd)
Suponha que precisamos calcular a média ponderada do custo de capital (WACC) para uma empresa.
O primeiro passo é calcular o custo da dívida.
Se assumirmos que a empresa tem um custo da dívida antes dos impostos de 16% e a taxa de imposto é de 34,0%, o custo da dívida após impostos é de 10,6%.
Custo da Dívida Após Impostos (kd) = 16% × (1 – 34,0%)
kd = 10,6%
Exemplo de Cálculo do Custo do Capital Próprio (ke)
O próximo passo é calcular o custo do capital próprio usando o modelo de precificação de ativos de capital (CAPM).
As três suposições para nossos três dados de entrada são as seguintes:
Taxa Livre de Risco (rf) = 4,0%
Beta (β) = 1,10
Prêmio de Risco do Capital Próprio (ERP) = 4,0%
Se inserirmos esses valores na fórmula do CAPM, o custo do capital próprio será de 8,4%.
Custo do Capital Próprio (ke) = 4,0% + (1,10 × 4,0%)
ke = 8,4%
Exemplo de Análise da Estrutura de Capital
Agora devemos definir os pesos da estrutura de capital, ou seja, a porcentagem de contribuição de cada fonte de capital.
O valor de mercado do capital próprio – isto é, a capitalização de mercado (ou valor patrimonial) – é assumido como R$ 200 milhões. Por outro lado, a dívida líquida da empresa é considerada em R$ 120 milhões.
Valor de Mercado do Capital Próprio = R$200 milhões
Dívida Líquida = R$120 milhões
Somando os R$ 200 milhões em valor patrimonial e os R$ 120 milhões em dívida líquida, calculamos que o capital total da empresa (próprio e de terceiros) é de R$ 320 milhões.
A partir desses $320 milhões, podemos determinar os pesos relativos da dívida e do capital próprio na estrutura de capital da empresa:
Peso do Capital Próprio = 62,5%
Peso da Dívida = 37,5%
Exemplo de Cálculo da Taxa de Desconto
A partir de agora, temos as informações necessárias para calcular a taxa de desconto da empresa, calculada pela soma dos custos de cada fonte de capital mais o peso correspondente da estrutura de capital.
Taxa de Desconto (WACC) = (10,6% × 37,5%) + (8,4% × 62,5%)
WACC = 9,2%
Para concluir, a taxa de desconto (ou custo de capital) da nossa empresa hipotética é de 9,2%, que é a taxa implícita usada para descontar seus fluxos de caixa futuros.
Luís Valini Neto
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